Inadimplência no Minha Casa cresce e chega quase a 30%

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Esse é considerado o maior percentual de atraso desde o agravamento da crise

 

A queda na renda e o aumento do desemprego têm pesado na taxa de inadimplência dos beneficiados pela faixa 1 do Minha Casa, Minha Vida, que recebe o maior subsídio do Governo Federal. O índice de atraso superior a três meses bateu em 28% em setembro. 

 

No mesmo mês de 2015, eram 23% com parcelas em aberto há mais de 90 dias, segundo o Ministério das Cidades. É o maior percentual de atraso desde o agravamento da crise.

 

Para efeito de comparação, o índice de prestações atrasadas na carteira de crédito que inclui as faixas 2 e 3 do programa, para famílias com renda mais elevada, era de cerca de 2,03% no terceiro trimestre deste ano, de acordo com a Caixa.

 

O crédito imobiliário da faixa 1 do Minha Casa se destina às famílias que têm renda mensal bruta de até R$ 1,8 mil. Os preços dos imóveis variam de acordo com a localidade e, como até 90% do valor da casa são custeados com recursos públicos, os novos contratantes pagam prestações mensais a partir de R$ 80,00.

 

Até o ano passado, esses números eram mais generosos: a prestação mínima paga pelos beneficiários do programa era de R$ 25,00 ao mês. Além disso, para toda a faixa 1, em torno de 95% do valor do imóvel era subsidiado.

 

No Amapá e em Roraima, os Estados com maior percentual de inadimplentes em setembro, os atrasos nos pagamentos chegam a 41%. Em seguida, Pará (40%), Bahia (37%) e Mato Grosso (36%). Distrito Federal, Alagoas e Rondônia têm os menores índices, com 7%, 11% e 19%, respectivamente. 

 

“Mais preocupante que o aumento da inadimplência da fatia mais carente do programa é a persistência dos atrasos em um patamar tão alto, bem acima dos financiamentos bancários convencionais e das demais faixas do Minha Casa, Minha Vida”, afirma Lauro Gonzalez, coordenador do Centro de Estudos em Microfinanças e Inclusão Financeira da FGV. 

 

“O programa precisa criar mecanismos de cobrança mais eficientes, como os usados pelo microcrédito. Uma alternativa seria a adoção de agentes de crédito, atuando de porta em porta, para instruir os mutuários e propor alternativas de renegociação das dívidas”, diz.

 

“A crise se caracteriza pelo aumento da inadimplência em geral, mas essa é uma faixa de renda particularmente sensível, que sente o desemprego de forma mais aguda”, diz Rodrigo Luna, vice-presidente de Habitação Econômica do Secovi-SP, entidade do setor imobiliário. “Quando o governo voltar a ter condições de contratar novas unidades para a faixa 1, no entanto, é importante manter essa prestação simbólica, para que o mutuário entenda e passe a dar valor ao que ele conseguiu conquistar”.

 

Segundo Luna, caso as medidas de cobrança sejam mais frouxas que em financiamentos convencionais, a longo prazo, a alta da inadimplência pode colocar em risco a viabilidade do programa.

 

Chamada a cobrar

 

Em muitos casos, o mutuário custa a acreditar que terá o imóvel retomado, por se tratar de parcelas simbólicas, diz Marcelo Prata, do Canal do Crédito, comparador de produtos financeiros.

 

“A opinião do vizinho pesa muito. O morador fica sabendo de casos em que o inadimplente não perde o imóvel e acha que está seguro. Além do abalo causado pela crise, o benefício da moradia também não foi acompanhado de uma educação financeira e ele se perde nas contas”, pensa. Caso seja retomado, o imóvel deve ser novamente incluído no programa e é destinado a outra família na lista de espera, lembra. 

 

Com o agravamento da crise econômica, beneficiários com pagamentos em atraso passaram a receber ligações e mensagens de celular da Caixa já nos primeiros dias após o vencimento das faturas. 

 

Fonte: http://www.atribuna.com.br/noticias/noticias-detalhe/economia/inadimplencia-no-minha-casa-cresce-e-chega-quase-a-30/?cHash=9fac35817b5c9b025f873311dc3a1970

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